sábado, 10 de dezembro de 2011

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1
Opiniões.
As pessoas estão cheias delas.
E eu estou cheio delas.
Delas e das pessoas.
2
Era uma vez uma história.
Daquelas sem a mínima graça.
Sem porquinho, sem carneiro, sem pato feio.
Daquelas que você cansou de ouvir.
E cansou de viver.
No silêncio os subtítulos são dispensáveis.
E o filme é ridículo.
Ator podre.
Tradução medíocre do título original para o português.
Cenários que não se encaixam.
Era só um dia igual.
 3

Você lembra como a gente foi feliz?
Se somasse o que pensam todas elas sobre minha felicidade, minha vida seria a Disneylândia.
4

Pessoas.
O pior é lembrar das pessoas.
De seus olhares.
Seus mundos.
Suas expressões catatônicas de "tenho um sentido".
5

E se eu disser que eu nunca sei mesmo a direção?
E se eu disser que toda vez que eu achei que ia acertar eu na verdade só arrisquei?
Você ainda ia querer?
Diz.
Eu seria ainda o que sou para você?
E se eu disser que eu nunca soube nada de minha vida, que eu sempre deixei tudo passar por mim e as vezes ia, as vezes não ia, dependendo do gosto do café.
Você ia querer?
Será que ia mesmo?
Minha vida é correr contra os carrinhos na montanha russa esperando vencer o impossível e não ser levado outra vez para trás.
Você entende?
Ainda assim quer?
Pensa...
Eu não sei nada.
Só sei ser assim.
Eu sequer me entendo.
Nunca consegui brincar de ter certeza.
Nunca consegui 100% de não dúvida.
6
Alice esqueceu a blusa.
Conto de fadas errado.
Príncipe errado.
Tudo errado.
Didi na TV.
O culpado de toda uma geração de pessoas incovenientes existir.
Ele que ensinou essas pessoas que elas devem achar ter o direito de interagir com quem só quer ficar quieto.
De fazer piada com todo mundo sem pensar se a vida das outras pessoas querem sua presença.
Odeio muito.
Ele e toda geração "da poltrona".
7
Você respira.
Por que não levanta e me beija?
Me dá um tapa.
Me joga na sarjeta.
Me corta de vidro.
Só não me olha como se estivesse olhando o nada.
8

A sua vida é um outdoor que ninguém entende.

Os funerais do coelho branco


Eu sou um estilete sem cabo.
Quer pegar, pega.
Só que não entro nem saio da vida de ninguém sem deixar marcas.
Marcas boas ou ruins.
Mas marcas.
(...)
Lâmina cada dia mais afiada.
Quer segurança?
Vai brincar com cotonete.
Eu não nasci pra isso.
Eu curto pulso, sangue, intensidade.
Bebo anti-socialmente.
E tenho tatuagens feias feitas com motor de boneca e agulha de costura por amigos nos anos 80.
Caveiras toscas.
Marcas de uma época.
Lembranças de quem sou.
Do que sou.
Do que nasci pra ser.
E foda-se.
(...)
Foda-se mesmo.
Eu sou uma máquina de ferimentos.
Quer beijar?
Vai ser intenso.
Quer brincar?
Só não fala que eu não avisei.
(...)
Eu sou o olho necrosado de Jack.
E coço ele com minhas lâminas.

Conto de Fadas Moderno

Gritou,brigou,jogou-se no chão e esperneou.Com os olhos fechados lutou contra aquela dor insuportável causada pela indiferença.Depois de se acalmar foi abrindo os olhos letamente só para ver que ninguém estava ao seu redor.Tinha sido só apenas mais um de seus muitos shows mas dessa vez não havia nenhum expectador.Ninguém se importava mais.Estavam todos cansados demais,estressados demais e não podiam se dar ao luxo de perder tempo se importando com os chiliques de uma adolescente.Ela se levantou do chão e desamassou calmamente sua saia.Por dentro estava quebrada,destruida mas o exterior sempre tem que estar impecável.Ela tinha finalmente desistido,não tinha mais forças.Pegou o frasco de calmantes e foi para o seu quarto.Dois dias depois escontraram a bela adormecida,mas não tinham um príncipe para ela.Somente uma cova.