" -Não procure poupar minha suscetibilidade- retorquiu Cronshaw,com um gesto da mão gorda - Não empresto nenhuma importância exagerada aos meus trabalhos poéticos. A vida esta ai para ser vivida e não para que escrevamos a seu respeito.Meu objetivo é procurar as múltiplas experiências que ela oferece, arrancando a cada momento toda a emoção que ele apresenta. Considero meus escritos como uma graciosa habilidade que, ao invés de absorver a existência, acrescenta-lhe prazer. E quanto a posteridade - que o diabo a carregue.
Philip sorriu, pois entrava pelos olhos que esse artista da vida não produzira mais do que um mísero borrão. Cronshaw fitou-o imediatamente e encheu o copo. Pediu,depois, ao garçom que lhe trouxesse uma carteira de cigarros.
-Você acha graça por me ouvir falar assim quando sabe que eu sou pobre e vivo numa água-furtada em companhia de uma fêmea vulgar que me engana com cabeleireiros e garçons de café.Traduzo livros miseráveis para o público inglês e escrevo artigos a respeito de quadros desprezíveis que nem ao menos condenados merecem ser. Mas faça o favor de me dizer:qual é o sentido da vida?
-Ora, a pergunta é bastante difícil.Por que não a responde você mesmo?
-Não,porque isso é inútil a menos que a gente o descobra por si próprio."
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